barriga de uma mulher com uma cicatriz

7 fatores que prejudicam a cicatrização da cirurgia plástica

Quando se faz uma cirurgia plástica, uma grande preocupação é com a cicatrização. Atualmente, técnicas e tecnologias permitem que a marca de uma operação seja a menor possível. O detalhe, porém, é que não depende apenas do profissional e dos equipamentos utilizados, mas também dos cuidados feitos pelo paciente em casa.

Alguns hábitos podem prejudicar consideravelmente a sua cicatrização. Veja 7 deles:

7 fatores que prejudicam a cicatrização da cirurgia plástica

Todos os cuidados especificados já devem ser feitos em cicatrizes comuns, causadas por uma queda ou outro acidente. Contudo, uma cirurgia plástica exige muito mais atenção e delicadeza durante a cicatrização. Veja o que evitar para que o período seja o mais bem-sucedido possível:

1. Esforço físico

Cada cirurgia plástica exige um tempo de cicatrização. Por exemplo: uma lipoabdominoplastia, técnica que associa a lipoaspiração à dermolipectomia abdominal (plástica do abdome), exige uma recuperação muito maior do que uma rinoplastia. No entanto, o tempo de cada uma delas deve ser respeitado.

Se o cirurgião diz que é necessário passar um mês sem esforço físico intenso, o paciente deve respeitá-lo. No geral, os primeiros dias são decisivos para um bom resultado da cirurgia plástica. Contudo, se a pele do paciente já tiver certa dificuldade para cicatrização, qualquer esforço físico antes do tempo exigido pode comprometer o efeito desejado. Portanto, evite o esforço físico durante o período determinado pelo profissional.

2. Exposição solar

Durante a cicatrização, é essencial evitar qualquer tipo de exposição solar direta. Isso porque o sol escurece a pele sensível da cicatriz recente, o que pode ser irreversível. Por isso, é preciso esperar pelo menos 30 dias antes de ter contato direto e mais intenso com o sol. Caso seja inevitável, use bastante filtro solar e com fator de proteção alto.

Cicatrizes recentes precisam ser protegidas com filtro solar mesmo que estejam debaixo de roupas. Além disso, reaplique o produto pelo menos três vezes ao dia.

3. Cigarro

O cigarro conta com mais de cinco mil substâncias em sua composição; muitas delas são nocivas ao corpo humano. Por isso mesmo, é de se imaginar que ele também atrapalharia na cicatrização de uma cirurgia plástica.

Um dos problemas é a nicotina, substância encontrada nas folhas de tabaco e principal responsável pelo vício do fumo. Um dos seus efeitos negativos é a ativação do sistema parassimpático, divisão do sistema nervoso autônomo responsável por controlar a atividade das glândulas e das musculaturas lisa e cardíaca. A substância provoca a redução de oxigênio aos vasos sanguíneos e ao miocárdio. Além disso, o monóxido de carbono (presente na fisiopatologia do tabagismo), quando ligado à hemoglobina, forma o composto carboxihemoglobina, que dificulta a oxigenação do sangue em diversos órgãos, como a pele. 

O sangue é essencial para a nutrição cutânea, o que estimula a renovação celular e, consequentemente, acelera a cicatrização.

Outro fator importante é que quem fuma costuma apresentar menos antioxidantes, essenciais para evitar a oxidação celular (envelhecimento das células), aumentar a imunidade e prevenir uma série de doenças. Quando o assunto é cicatrização, um estudo da Unifesp mostrou que quem fuma tem duas vezes mais chances de sofrer piora na cicatrização da cirurgia plástica.

4. Falta de colágeno

O colágeno é uma das principais substâncias presentes na pele — corresponde a até 75% da massa seca da derme. Além disso, é a proteína mais presente no corpo humano, constituindo cerca de 30% delas e 6% do peso corporal seco.

Na pele, o colágeno é responsável por mantê-la firme e elástica, ou seja, é graças ao colágeno que alguém pode ser beliscado e a pele voltar ao estado de antes. E isso se mantém em todos os tecidos do corpo humano — é a chamada força tênsil. Contudo, sua produção diminui a partir dos 30 anos de idade.

Quem tem deficiência de colágeno terá mais dificuldades com o processo de cicatrização. 

Para estimular a produção de colágeno, é fundamental consumir alimentos que o estimulem — isso, claro, evitando aqueles que comprometem a colagenase, como o abacate. Consuma carnes magras, ovos e peixe e corte excessos de gordura. Hábitos saudáveis, como evitar álcool e tabaco, são imprescindíveis também na produção de colágeno.

5. Diabetes

Uma informação amplamente difundida é que a pessoa com diabetes tem muito mais dificuldades com a cicatrização. Uma ferida simples, que fecharia em dias num organismo saudável, pode infeccionar e até virar uma gangrena (morte do tecido). Numa cirurgia mais invasiva, todo o processo — da cirurgia ao pós — pode ser muito mais complicado. 

O grande problema do diabetes é que a hiperglicemia (alta taxa de açúcar no sangue) constante e mal controlada altera a função dos leucócitos — os glóbulos brancos, que defendem o organismo contra doenças, quadros infecciosos e alergias. Com isso, aumenta-se o risco de sangramento e inflamação.

O Brasil é o quinto país com o maior número de pessoas diabéticas no mundo. Em 2019, estimava-se que 16,8 milhões de cidadãos no país estivessem com o problema. Contudo, é um problema mundial: por volta de 463 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos sofrem com a doença.

Dessa forma, é essencial informar ao cirurgião a condição de diabético. Afinal de contas, a cirurgia poderá colocar a vida do paciente em risco. De qualquer maneira, o profissional fará uma série de exames que poderão confirmar a condição de saúde do indivíduo e se ele pode ser uma exceção, ou seja, passar pelo processo cirúrgico.

6. Falta de higiene

A pele da cicatriz é mais sensível e, consequentemente, pode se romper com mais facilidade, o que aumenta as chances de contaminação. Se acontecer alguma coisa e a cicatriz romper, é preciso lavá-la imediatamente. Uma limpeza delicada e eficiente evita que a região infeccione. Portanto, não abra mão de uma rotina de higiene rigorosa.

7. Alimentação

Alguns alimentos atrapalham o processo de cicatrização. Conservantes, presentes em itens industrializados e ultraprocessados, podem aumentar o processo inflamatório no organismo. Com isso, a cicatriz demora muito mais tempo para se estabilizar.

Outro problema está no abacate, que tem uma enzima que inibe a ação da colagenase (enzima responsável por destruir o colágeno). Num primeiro momento, pode ser até bom, já que o colágeno contribui com a boa cicatrização. Contudo, a enzima age para manter o equilíbrio da substância no organismo. Quando em excesso, pode provocar cicatriz hipertrófica (com textura mais elevada) e queloides.

Outros alimentos que podem prejudicar a cicatrização pós-cirúrgica são:

  • Alimentos embutidos, enlatados e industrializados;
  • Produtos ricos em gordura saturada;
  • Açúcar refinado e doces em geral;
  • Carnes gordurosas;
  • Farinha branca;
  • Carne bovina;
  • Refrigerante;
  • Fast foods;
  • Camarão;
  • Pimenta;
  • Abacate;
  • Frituras;
  • Sódio;
  • Soja.

Ao mesmo tempo em que há alimentos que prejudicam a cicatrização, o consumo de outros itens pode auxiliar nesse processo. Veja alguns exemplos para complementar sua dieta:

  • Frutas como acerola, laranja, limão, tangerina, abacaxi, kiwi e goiaba;
  • Castanhas e nozes;
  • Vegetais verdes;
  • Carnes magras;
  • Arroz integral;
  • Pimentão;
  • Salsão;
  • Agrião.

Como acontece a cicatrização?

O processo de cicatrização é dividido em três fases, que ocorrem independentemente do tipo de lesão que a originou:

Inflamatória

Esta fase se inicia logo após a inflamação. O corpo começa a liberar substâncias vasoconstritoras — que contraem os vasos sanguíneos e controlam a perfusão tecidual, ou seja, a liberação de sangue pelos tecidos. É também caracterizada pela liberação de secreção (de exsudato). No caso das cirurgias, a presença desse líquido vai variar conforme a complexidade do procedimento. Quanto mais invasivo for, mais chances têm de liberar secreções.

Outro fator importante é a ação das plaquetas. Com o objetivo de alcançar a hemostasia (interrupção do sangramento e de hemorragias), essas células e o endotélio ferido começam a estimular a coagulação.

Plaquetas, colágeno e trombina (proteína fundamental na coagulação) estão presentes no coágulo, aumentando o efeito das substâncias responsáveis pela cicatrização. Este é o período mais comum para haver dor e edema na cicatriz.

Há também a ação da fibrina, que forma uma matriz responsável por agir como uma barreira que impede a contaminação da lesão e facilita a cicatrização.

Proliferação

Também chamada de fase de granulação, é o período que, no geral, começa no quarto dia após a lesão e pode durar até 20 dias. É aqui que o organismo começa a liberar fibroblastos, principais células do processo de cicatrização. As células do endotélio também se proliferam, ajudando a aumentar a vascularização do tecido. Consequentemente, os macrófagos (células de defesa do organismo) intensificam a ação desses fibroblastos e sua passagem para o centro da lesão.

É aqui também que começa a se formar o tecido de granulação, de cor avermelhada ou rosada e extremamente vascularizado — formado por novos vasos sanguíneos, tecido conjuntivo, fibroblastos e células inflamatórias. Ele é o marco inicial da formação da cicatriz.

Remodelamento ou maturação

Também chamada de fase de reparo, o período final do processo de cicatrização pode durar meses, até mesmo um ano. Mas não se preocupe: o médico vai orientar sobre até quando é preciso se preocupar com a reação do corpo à uma atividade física mais intensa ou a algum alimento que possa comprometer o resultado.

Aqui, o colágeno começa a se depositar organizadamente. É o momento em que a cicatriz recebe mais suporte, portanto também é a fase de maior importância clínica. O tecido de granulação termina de ser formado e começa-se a maturação da ferida. 

As fibras se realinham para deixar o tecido mais resistente e com um aspecto melhor. Além disso, a cicatriz muda do tom vermelho-escuro para o rosa-claro.

Mesmo com todos os cuidados, a cicatriz pode ficar visível?

Sim. Isso porque cada pele reage de uma forma a uma cirurgia. Há peles que conseguem passar por processos agressivos (quedas, cirurgias invasivas maiores e acidentes, por exemplo) sem que a cicatriz se mantenha muito visível, enquanto outras ficam com marcas mais chamativas. 

É preciso lembrar, contudo, que os cuidados são fundamentais independentemente da facilidade da pele em se cicatrizar ou não. Boa parte deles influencia na saúde, evitando infecções.

Se o medo de fazer uma cirurgia é pela cicatrização, veja que não há motivos para se preocupar. Entre em contato com o Dr. Flávio Favano e tire suas dúvidas.

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