Para muitas pessoas, passar por um procedimento estético é a realização de um desejo de anos. Nariz protuberante, orelhas com proeminências ou excesso de gordura abdominal podem gerar problemas na autoestima e nas relações sociais. Mas será que existe idade para cirurgia plástica? Há uma faixa etária específica para cada alteração?
Neste texto, vamos descobrir se é preciso ter uma idade certa para cirurgia plástica. Continue a leitura:
Existe idade mínima para fazer cirurgia plástica?
Depende do procedimento. Algumas cirurgias são minimamente invasivas e ajudam o paciente a ter uma infância mais feliz — é o que acontece com a correção da orelha “de abano” e de lábio leporino, por exemplo.
Isso acontece não apenas para evitar problemas psicológicos ainda na infância, mas também porque essas regiões têm um tempo de desenvolvimento mais rápido. Para se ter uma ideia, a cartilagem de uma orelha desenvolve pelo menos 90% até os 7 anos.
Já procedimentos mais complexos necessitam de mais tempo e, principalmente, que o paciente já tenha idade adulta para aceitá-los.
Vamos entender mais um pouco:
Queiloplastia — três a seis meses de idade
Queiloplastia é a cirurgia de correção de lábio leporino. Ela pode ser feita na criança com poucos meses de vida, em uma ou duas sessões. Nesse caso, ela pode ser feita ainda quando bebê ou um pouco maior (2 a 4 anos).
Além da correção da fissura labial, a queiloplastia também pode ser feita para fins estéticos. Nesse caso, porém, a idade mínima para passar pelo procedimento é de 18 anos.
Palatoplastia — nove a doze meses
A cirurgia de correção do palato é complexa e envolve diferentes profissionais, como o cirurgião plástico, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e ortodontista. Assim como a queiloplastia, o fechamento dos palatos duro e mole pode ser feito em um ou dois momentos, de acordo com a avaliação do profissional responsável.
O objetivo da palatoplastia é melhorar a fala, a deglutição e a respiração da criança.
Otoplastia — 6 anos
Otoplastia é a cirurgia de correção de orelhas para orelhas proeminentes, popularmente conhecidas como orelhas de abano. Nesse procedimento, o médico faz uma pequena incisão atrás da orelha, seguindo a dobra. Depois, ele retira o excesso de pele e finaliza com pontos de ligação (geralmente, internos e absorvíveis).
Antes de tudo, pais e médico responsável devem conversar com a criança. Assim, ela pode dizer se realmente deseja passar pelo procedimento e se sente incluída nas decisões. Além disso, tem mais responsabilidade e cuidado no pós-cirúrgico.
Rinoplastia pós-traumática ou reconstrutiva — sem idade mínima
Uma rinoplastia pode ter diversas funções, incluindo reparadora. Em casos graves, como alguma malformação, a cirurgia é feita no paciente ainda criança. No caso da fissura nasal, o problema pode atrapalhar a qualidade de vida do paciente. Portanto, realizar a cirurgia ainda na infância proporciona bem-estar, autoestima e evita problemas respiratórios.
Rinoplastia estética — 16 anos
A rinoplastia pode corrigir tanto a parte estética quanto a respiratória do nariz. Embora sua função possa melhorar a qualidade de vida do indivíduo além do aspecto da beleza, ele precisa esperar até os 16 anos para fazê-la. É a partir dessa idade que a estrutura crânio-maxilo-facial se estabiliza. Porém, isso é também em casos muito específicos — por exemplo, a aparência do nariz do paciente o afeta na sua vida pessoal. No geral, o correto é que o paciente espere a maioridade.
No caso de desvio de septo, a regra é a mesma: o ideal é esperar o amadurecimento da região, que ocorre por volta dos 16 anos. Assim, o paciente diminui consideravelmente as chances de fazer outra cirurgia anos mais tarde.
Toxina botulínica — a partir dos 18 anos
Conhecida pelo nome comercial Botox®, a toxina botulínica paralisa os músculos responsáveis pela contração de uma determinada região que, com o passar dos anos, provoca vincos na pele. O profissional deve ter experiência, pois uma injeção incorreta pode paralisar um músculo indevido.
A toxina botulínica é absorvida com o tempo, portanto seu resultado é temporário. Contudo, é um tratamento preventivo: o paciente aplica para retardar o surgimento ou agravamento de uma marca.
Não há uma idade mínima para se aplicar Botox®, mas também não há motivos para aplicar ainda na adolescência. É um tratamento preventivo que costuma se iniciar a partir dos 23 anos, mas isso varia conforme o tipo de pele de cada paciente.
Preenchimentos estéticos — a partir dos 18 anos
Preenchimentos com ácido hialurônico e outras substâncias devem ser feitos após a maioridade, quando toda a região está desenvolvida e o paciente já tem maturidade para tomar essa decisão.
Assim como a toxina botulínica, o ácido hialurônico é uma substância absorvida pelo corpo com o passar do tempo. Porém, dependendo da quantidade injetada, ele vai representar uma considerável mudança facial. E como os fins são estéticos, o paciente só estará apto a passar pelo procedimento a partir da maioridade.
Redução de mama — a partir dos 14 anos
A mamoplastia pode ser tanto de aumento quanto de redução de mamas. Nesse segundo caso, a paciente pode passar pelo procedimento a partir dos 14 anos — desde que a mama esteja completamente formada e a paciente sofra com problemas de postura e dores. Aqui, a cirurgia será reparadora, e não estética.
É essencial lembrar que nenhuma adolescente deve se sujeitar a cirurgias plásticas por bullying. O assédio moral feito nas escolas deve ser resolvido por professores e diretores. Afinal, a escola é o local onde crianças e jovens devem se sentir seguros, e inseguranças com o corpo não devem ser alimentadas, principalmente nesse ambiente.
Mamoplastia, lipoaspiração e cirurgias mais complexas — a partir dos 18 anos
Mamoplastia de aumento, lipoaspiração, lipoescultura, abdominoplastia e outras cirurgias mais complexas exigem o desenvolvimento completo da região. Em alguns casos, uma paciente com 16 anos já tem o organismo desenvolvido e, teoricamente, pode passar pelo procedimento. Porém, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomenda esperar até os 18 anos.
Existe idade ideal para fazer uma cirurgia plástica?
A idade ideal é aquela na qual o paciente está preparado para passar pelo procedimento. Ele está saudável, refletiu bastante e procurou por profissionais que fazem parte da SBCP. Veja como perceber se está ou não na idade certa para cirurgia plástica:
- não vem antes da idade mínima;
- ocorre depois do desenvolvimento completo da região;
- o paciente está com a saúde em dia;
- vem depois de muita reflexão e conversa com especialistas sobre o assunto;
- o paciente entende como funciona o procedimento, o pré e o pós-operatório;
- o paciente tem recursos financeiros suficientes para fazer a cirurgia.
É essencial enxergar a cirurgia como algo que vai auxiliá-lo a resolver um incômodo, mas não como uma resolução de todos os problemas da vida. Ele também precisa estar ciente de que, dependendo da região e do grau de intervenção, a mudança corporal será muito grande.
Alinhamento de expectativas
Outro fator fundamental é que o paciente precisa estar ciente do resultado da cirurgia. Em muitos casos, o indivíduo leva a foto de alguém famoso e deseja se parecer com ele. Contudo, sua estrutura óssea e os procedimentos desejados não vão levá-lo a ter a face de outra pessoa. Além disso, é preciso que ele se reconheça ao se olhar no espelho.
A cirurgia é um procedimento sério e que exige muita responsabilidade tanto do paciente quanto do cirurgião. Ter expectativas realistas sobre o resultado evita frustrações e ajuda a se sentir mais satisfeito com a autoimagem.
E a idade máxima?
Teoricamente, não há uma idade máxima para cirurgia plástica. O importante é que o paciente esteja com saúde e não tenha nenhum fator de risco atrelado ao procedimento.
O indivíduo precisa saber que, com o passar da idade, o tempo de recuperação e cicatrização costuma ser mais extenso. Pele, músculos e ossos perdem densidade com o tempo e, com isso, tendem a ser mais frágeis.
A idade não é um impeditivo, e sim a saúde. Se o paciente tiver cardiopatias graves, provavelmente não poderá fazer uma cirurgia estética. Mas antes de qualquer “não” definitivo, ele vai passar por uma avaliação médica.
Para saber se o paciente pode ou não passar pela cirurgia plástica, o médico vai fazer uma anamnese e pedir alguns exames. Os mais comuns são:
- exame de sangue — hemograma, coagulograma, glicemia em jejum, dosagem de anticorpos, ureia e creatinina;
- exame cardíaco — geralmente eletrocardiograma;
- exame de urina — EAS e urocultura;
- exame de imagem.
Exame com cardiologista ou anestesista também pode ser necessário para ter certeza de que o paciente pode passar pelo procedimento.
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