homem sem camisa mostrando as mamas e a barriga

Ginecomastia: tudo sobre o procedimento

O homem brasileiro tem se importado cada vez mais com a forma física. Prova disso vem da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Segundo a entidade, entre 2015  e 2020, a taxa de pacientes do gênero masculino que se submetem a operações estéticas subiu de 5% para 30%. Apenas durante a pandemia, o mesmo público representou um aumento de 30% no número de consultas e cirurgias plásticas.

O Ibope aponta que, em 2019, das 650 mil cirurgias plásticas realizadas, 104 mil foram em homens. O tabu sobre a vaidade masculina está ficando para trás.

Gostar da própria aparência afeta a autoestima. Embora a harmonização facial seja um dos procedimentos mais falados atualmente, outro que pode afetar consideravelmente a visão que o homem tem sobre sua aparência é o tratamento contra ginecomastia, que tem sido cada vez mais requisitado por seu resultado eficaz e duradouro. Entenda como o procedimento funciona:

O que é ginecomastia?

É o inchaço do tecido mamário masculino provocado por um desequilíbrio hormonal. Consequentemente, o homem sofre com o crescimento exagerado das mamas. 

Ao contrário do que possa parecer, a ginecomastia não tem a ver com gordura e sim com hormônios. Portanto, o homem pode ser magro e passar pelo problema. Além disso, ela pode atingir apenas uma das mamas.

Acredita-se que 5 a 9% dos homens têm essa alteração, embora não haja um número preciso. O problema não costuma estar aliado a algo mais grave; contudo, homens costumam procurar ajuda médica pelo desconforto e medo de doença maligna. 

Excetuando a síndrome de Klinefelter (condição genética em que o homem nasce com uma cópia extra do cromossomo X), a ginecomastia não aparece como fator de predisposição ao surgimento de carcinoma.

A ginecomastia também pode ser aferida em três graus, que variam conforme seu tamanho e peso:

  • Grau I: o crescimento da glândula mamária se concentra abaixo da aréola e é inferior a 250 g; 
  • Grau II: o volume pode chegar a 500 g e toma boa parte do tórax;
  • Grau III: volume superior a 500 g, resultando na queda das mamas.

Origem fisiológica

A ginecomastia tem três picos fisiológicos, que regridem sem a intervenção de tratamento:

  • Neonatal: ocorre por conta dos hormônios maternos ou presentes na placenta. A ginecomastia surge em torno do terceiro dia e permanece entre duas e três semanas; 
  • Puberal: já durante a puberdade, ocorre pelo desbalanço hormonal entre estrogênios e androgênios, com predomínio do estradiol plasmático. Essa desregulação é comum nesta fase, que pode gerar o aumento da glândula mamária. Geralmente ela regride após algum tempo, por volta dos 17 anos. A ginecomastia é, aliás, muito comum durante o período puberal, atingindo dois em cada três rapazes. Apenas em 5% dos casos a hipertrofia persiste até a vida adulta; 
  • Senil: já durante a transição da segunda para a terceira idade, a ginecomastia costuma ser causada pelo hipogonadismo, ou seja, o mau funcionamento das gônadas (no caso dos homens, dos testículos) que ocorre nesta fase. Há uma diminuição da concentração total e livre de testosterona, além do aumento dos estrogênios circulantes no organismo. O grupo mais atingido costuma ter entre 50 e 69 anos.

Origem patológica

Apesar de não estar comumente aliada a patologias, a ginecomastia pode sim ter sua origem ligada a elas — e são várias:

  • Diminuição da produção ou ação da testosterona, que pode ser congênita ou adquirida;
  • Ação estrogênica, devido ao aumento na produção (tumores testiculares, pulmonares) ou ao aumento da aromatização periférica (doenças hepáticas, suprarrenais, hiper e hipotireoidismo, desnutrição). O hipertireoidismo é a doença mais associada à ginecomastia;
  • Efeito colateral de alguns medicamentos, como fármacos que contenham estrogênio, espironolactona, cimetidina, ranitidina, cetoconazol, omeprazol e inibidores da 5-alfa-redutase (finasterida e dutasterida, por exemplo);
  • Drogas: algumas causam ginecomastia por mecanismo conhecido e outras por desconhecido. Alguns exemplos são os anabolizantes, álcool e maconha;
  • Derrame pleural: acúmulo de líquido entre os tecidos que revestem os pulmões e o tórax;
  • Cor pulmonale crônico: aumento do ventrículo direito secundário à pneumopatia. Provoca hipertensão arterial pulmonar e insuficiência ventricular direita;
  • Tuberculose: infecção bacteriana que atinge geralmente os pulmões, mas pode se espalhar para outras partes do corpo;
  • Insuficiência renal;
  • Infecções nos testículos;
  • Câncer de testículos: segundo o artigo “Gynecomastia as a first clinical sign of nonseminomatous germ cell tumor”, há casos relatados em que a ginecomastia foi o primeiro sinal de paciente com tumor de células germinativas;
  • Obesidade: quem é obeso tem um aumento da enzima chamada aromatase, que converte a testosterona em estrogênio;
  • Câncer de mama, ainda que seja muito raro em homens;
  • Alterações alimentares;
  • Quimioterapia.

Outra causa por trás do problema é a toracotomia — abertura feita na parede torácica para visualização dos órgãos internos do tórax, obtenção de amostras de tecido e tratamento de doenças pulmonares, cardíacas ou grandes artérias. A ginecomastia pode ocorrer após a cirurgia.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o surgimento idiopático (sem causa conhecida) costuma ser o maior apontamento da ginecomastia.

Como diferenciar a ginecomastia da gordura?

Como dito e observado, a causa da ginecomastia é hormonal, mesmo com origem patológica, que ocorre porque o fator causador alterou a produção de hormônios no organismo masculino. No entanto, o indivíduo leigo pode se confundir.

A maioria dos homens com ginecomastia é assintomática. Portanto, essa condição costuma ser detectada apenas com o exame físico. Porém, o médico consegue fazer o diagnóstico com certa facilidade. O sinal clínico mais evidente é o aumento de apenas uma das mamas.

Para que não haja dúvidas, o paciente deve procurar por auxílio médico. Antes disso, ele pode observar se é possível sentir um nódulo duro e firme sob a região do mamilo, que pode ser doloroso ou sensível ao toque. Esse caroço é um indicativo de ginecomastia, que não costuma se confundir com câncer por ser móvel e não aderente à pele, além de ter localização concêntrica (encurta as fibras musculares).

O acúmulo de gordura nas mamas masculinas é chamado de pseudoginecomastia e pode surgir não apenas em homens obesos, mas também em quem sofre com sobrepeso. 

Como é feito o tratamento contra a ginecomastia?

A ginecomastia não é um problema sério no sentido de afetar a saúde. Como visto, ela pode estar aliada a um problema, como obesidade e uso de drogas, ou ser apenas resultado da produção hormonal desregulada. Nesse último caso, acaba desaparecendo espontaneamente. Se não ocorrer melhora, o endocrinologista pode indicar o tratamento mais adequado, que depende da causa ligada a ela. 

Medicamentos para tratamento de câncer de próstata e antidepressivos podem causar o problema. A troca de medicação pode resolver. Mas se o fator causador for o hipogonadismo, a reposição de testosterona é a terapêutica de escolha.

Outro recurso interessante é o uso de medicamentos bloqueadores dos receptores de estrogênio nas mamas, como tamoxifeno ou nolvadex.

Por fim, se a causa for o uso de drogas, em apenas um mês de abstinência as mamas costumam amolecer e diminuir. Contudo, se o quadro estiver instalado há mais de um ano, a regressão será bem menor por causa da fibrose.

Como a cirurgia de ginecomastia é feita?

A cirurgia é indicada quando o corte do fator causador da ginecomastia não faz com que ela se reverta. Se o problema tiver origem patológica ou outra causa adjacente, a intervenção cirúrgica só será realizada após a resolução desse fator condicionante. 

Durante a juventude, indica-se a cirurgia de redução de mama masculina para evitar constrangimentos ao indivíduo. Porém, é preciso esperar que ele complete 18 anos, pois é possível que as mamas retornem ao tamanho original neste período. 

Porém, só o médico poderá confirmar se o caso necessita de uma intervenção do tipo.

A mamoplastia redutora é o procedimento mais indicado para a ginecomastia. Por meio de uma incisão nas mamas, o cirurgião remove cirurgicamente o excesso de tecido glandular e de pele. Caso haja a necessidade de remoção de gordura, o médico pode combinar o procedimento com uma lipoaspiração.

A cirurgia dura de uma a duas horas, podendo chegar a três se combinada com a lipoaspiração. A anestesia é local, com sedação assistida pelo anestesista. Já o tempo de internação fica em torno de 12 horas.

A cirurgia deixa cicatrizes?

Sim, mas são discretas. Em forma de meia-lua, a marca fica na parte inferior da aréola mamária. Além disso, a cicatriz evolui da seguinte forma:

  • Primeiro mês: é pouco aparente e pode apresentar uma mínima reação aos pontos;
  • Do segundo até o 12º mês: fica um pouco mais espessa e muda da coloração vermelha para marrom, sinais naturais da cicatrização cutânea. O clareamento ocorre com o passar dos meses;
  • Do 12º ao 18º mês: cicatriz mais clara e menos consistente. 

O resultado definitivo da cirurgia de ginecomastia — ou seja, da diminuição das mamas — aparece no terceiro mês do pós-operatório.

Caso a cicatriz fique escura ou forme queloide, é possível fazer uma cirurgia de correção, mas o ideal é que o cirurgião avalie essa possibilidade após o 18º mês de pós-operatório.

Quais as recomendações para o pós-operatório da cirurgia de redução da ginecomastia?

O cirurgião dará as melhores orientações para cada caso. Contudo, confira algumas dicas para que o pós-operatório seja mais agradável:

  • A drenagem linfática ajuda a evitar edemas e fibroses. O paciente pode fazer na primeira-semana de pós-operatório, mas o melhor é conversar com o cirurgião antes;
  • O paciente deve usar cinta específica durante 30 dias após a cirurgia. Porém, não precisará retirar pontos;
  • O paciente poderá retomar as atividades físicas 30 dias após a cirurgia;
  • É necessário evitar movimentações em excesso dos braços por 30 dias;
  • Durante os primeiros 15 dias, deve evitar esforços excessivos;
  • A exposição ao sol só é permitida após a liberação médica;
  • Após 24 horas, poderá tomar um banho completo.

Se você ainda tem dúvidas sobre a ginecomastia, entre em contato e marque uma consulta!

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